segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Deu na BBC: Missa para Gays em Londres. Como?

COMENTÁRIO EXTRAÍDO DO BLOG CARMADÉLIO (COM. SHALOM)

A notícia da chamada acima foi publicada pelo G1,da Globo e está logo abaixo.Como todos, não tenho outras informações além do que foi publicado pela própria notícia.

Primeiro: se for verdade essa notícia ela não significa nenhuma mudança na doutrina católica acerca deste tema.

Cada Diocese, tendo a frente seu Bispo, tem autoridade relativa para implementar ações pastorais de acordo com a necessidade de seus fiéis, inclusive de missas ( ou como disse o Bispo com” motivações diferenciadas” ) o que não significa que seja uma missa de entrada exclusiva para este público, já que a celebração eucaristica é em sua essencia aberta a participação de qualquer fiel.

Segundo: A própria notícia deixa clara a posição inalterável da Igreja sobre esse assunto e delimita bem essa posição.

A questão não me parece de natureza doutrinal mas pastoral com ênfase ”no cuidado com os fieis”

A posição do Bispo local parece referendar essa posição quando afirma: ” “Esta é uma missa paroquial para a qual todos estão convidados, mas ela tem um apelo particular a pessoas de uma mesma orientação sexual – não para distingui-las do resto da congregação, mas para dizer que elas podem se sentir em casa aqui”

Terceiro: o título da notícia, no entanto, gera uma certa ambiguidade porque dá a entender que EXISTEM vários tipos de missas e de que a missa é uma espécie de aprovação ao estilo de vida homossexual, algo que a notícia sinaliza claramente que não: a critica do blogueiro na reportagem reforça isso quando afirma que é “A ficção que justifica o apoio da arquidiocese para as missas do Soho é que elas são celebradas em benefício de gays que aceitam os ensinamentos da Igreja e, portanto, se afastam de qualquer forma de atividade sexual”

Ou seja, os criticos não acreditam “nessa ilusão” algo que o Bispo responde “qualquer pessoa que tente julgar as pessoas que se apresentam para a comunhão realmente deve aprender a ficar quieta”.

Ou seja, a coisa não é como a noticia dá a entender.Espera-se que os frequentadores tenham abandonado o estilo de vida gay, como se espera de qualquer fiel a coerência entre o crido e o vivido.Não se pode a priori julgar pelas aparências, daí o Bispo ter feito a observação que fez.

Vamos aguardar maiores esclarecimentos sobre a Notícia, vinda de fontes católicas fidedignas e vê se as coisas são assim mesmo.

Assim que souber, publicaremos.

A notícia e a reportagem da BBC, fonte original da notícia, estão abaixo.

***

Veja a Notícia:

Igreja católica no centro de Londres lança missa para gays

Enquanto o Reino Unido se prepara para a primeira visita do papa Bento XVI – líder de uma igreja que para muitos é tida como intolerante em relação aos homossexuais -, os católicos de Londres já podem assistir a uma “missa gay”, realizada com o aval do Vaticano.

Paul Brown não ia à igreja desde o funeral de sua mãe, em 2002. Agora ele está de volta ao templo, graças à missa para fieis homossexuais, a única do gênero no país.
“Eu procurei uma missa com uma mensagem positiva sobre coisa que as pessoas devem fazer, e não alguém me dizendo coisas que eu não devo”, diz.

Usando uma jaqueta de motoqueiro de couro preto, Brown é um fieis que mudaram a cara da igreja Our Lady of the Assumption and St. Gregory (Nossa Senhora da Assunção e São Gregório), em Soho, na região central de Londres.
Lá, os fieis cantam hinos com toda a força de suas vozes. Muitos têm menos de 30 anos, e alguns têm os cabelos pintados. De uma hora para outra, o catolicismo parece estar na moda nesta área de Londres.

Se você acha isto um pouco estranho – bem, é mesmo. Afinal, a orientação da Igreja Católica para homossexuais é rígida. Gays e lésbicas são chamados à castidade.

Além disso, a única expressão sexual permitida pelo Vaticano é “casamento”, na qual todos os atos são dirigidos para a transmissão de uma nova vida, ou seja, para a proibição da contracepção artificial.
Então, como pôde surgir uma “missa gay” (Embora ela seja aberta a todos, foi assim que ela acabou sendo chamada)?
“As pessoas estavam acostumadas a se encontrar na igreja anglicana de St. Anne, que é próxima, e havia o sentimento de que era a hora de encontrar um local católico”, diz o monsenhor Seamus O’Boyle, o padre da paróquia.

Por meio de esboços de documentos, cardeais da arquidiocese católica de Westminster e autoridades do Vaticano negociaram para chegar a um acordo sobre algumas regras básicas da missa gay.

O que o Vaticano queria era a garantia de que as missas não se tornariam uma plataforma para se contestar os preceitos católicos. Assim, um dos “princípios básicos” desses serviços religiosos é: “Informações sobre a missa devem respeitar o fato de que a sua celebração não deve ser usada para promover qualquer mudança ou ambiguidade em relação aos ensinamentos da Igreja”.

‘Estilo de vida homossexual’

Os integrantes do Conselho Pastoral de Missas de Soho, que organiza os serviços religiosos, não têm problemas em aceitar estas condições. “Este não é um lugar que oferece uma plataforma para se criticar a doutrina da Igreja”, diz o presidente do conselho, Joe Stanley.

“A ênfase é no cuidado com os fieis. Às vezes, as pessoas chegam aqui com lágrimas nos olhos, porque, pela primeira vez, duas partes realmente importantes das suas vidas se encontraram: sua fé católica e sua identidade sexual”, diz.
“Minha vida sem a missa em Soho seria mais desanimada, solitária e menos alegre”, diz a fiel Renate Rothwell.

Questionado pela BBC se há alguma razão que impeça a realização de missas semelhantes em outras partes do Reino Unido, o arcebispo Vincent Nichols, líder da Igreja Católica na Inglaterra e no País de Gales, diz: “Acho que esta é uma decisão a ser tomada por um bispo, e é uma decisão em resposta a uma necessidade dos fieis”.

Em outras palavras, se outros católicos gays pedirem pelo mesmo em outras regiões do país, isto pode ser levado em consideração.
Mas nem todos estão felizes no seio da família católica. Duas vezes por mês, um pequeno grupo de tradicionalistas se reúnem do outro lado da rua da igreja. Eles rezam com o rosário em suas mãos, cantam hinos e já pediram à arquidiocese de Westminster para acabar com a missa gay.

Eles são apoiados por um ex-editor do jornal “Catholic Herald”, William Oddie, que acusa líderes da Igreja de defenderem pessoas engajadas no que ele chama de “estilo de vida homossexual”.
“A ficção que justifica o apoio da arquidiocese para as missas do Soho é que elas são celebradas em benefício de gays que aceitam os ensinamentos da Igreja e, portanto, se afastam de qualquer forma de atividade sexual”, escreveu Oddie em seu blog.

Transformação

No entanto, o arcebispo Nichols diz que continuará a apoiar a missa. “Esta é uma missa paroquial para a qual todos estão convidados, mas ela tem um apelo particular a pessoas de uma mesma orientação sexual – não para distingui-las do resto da congregação, mas para dizer que elas podem se sentir em casa aqui”, afirma.

“Eu acho que esta é a coisa certa, porque ela oferece lentamente, e isto é lento, uma chance para aqueles que se sentem sob uma grande pressão de identidade a talvez relaxar um pouco e dizer ‘não, antes de tudo eu sou um católico e, como um católico, eu quero ir à missa’”, diz o arcebispo.

Em uma resposta dura aos críticos da missa gay, ele diz que “qualquer pessoa que tente julgar as pessoas que se apresentam para a comunhão realmente deve aprender a ficar quieta”.

Em 1982, na última visita papal ao Reino Unido, uma missa deste tipo só poderia existir no mundo da fantasia. No entanto, desde então, a Igreja Católica britânica passou por uma transformação bastante abrangente.

Seja a imigração do Leste Europeu, a onda crescente do secularismo, a imagem pública de padres e da hierarquia depois dos escândalos de pedofila ou a aceitação de anglicanos casados entre as fileiras do clero: isto é uma comunidade de fieis que faz parte de um grande caldeirão religioso.

Alguns veem isto como uma oportunidade, enquanto outros resistem a mudanças. Às vésperas da visita de Bento XVI (entre 16 e 19 de setembro), é isto que faz os 4,5 milhões de católicos britânicos serem tão fascinantes.

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