Na América Latina, um sacerdote deve atender uma média de 7.633 pessoas frente à média mundial que não supera as 3.000 por sacerdote –exatamente, 2.766 fiéis–, conforme indicou esta segunda-feira o diretor da revista Palavra, Alfonso Riobó, durante o ato de apresentação do especial da publicação sobre a Igreja na América, com motivo do bicentenário da independência, organizado pela revista Palavra junto ao Centro Acadêmico Romano Fundação.
Em qualquer caso, apesar deste inferior número de sacerdotes como habitantes, na América proliferam os seminários jovens, conforme afirmou o diácono da diocese de Huancavelica (no Peru), Yosep Guzmán, que assegurou que, embora em sua paróquia “fria e longínqua (quanto à temperatura e localização)” conformem-se com um sacerdote para cada 12.000, ou inclusive, às vezes, para cada 20.000 habitantes, o incremento das vocações se reflete nos novos seminários criados em diocese jovens.
Assim, explicou que se ainda não existirem suficientes seminários, é devido à “escassez de meios”, sobre tudo dos materiais. “Escasseiam os meios sobre tudo materiais porque vontade não nos falta. É difícil porque se carece de bons centros de estudos”, especificou.
Neste sentido, o presidente do Centro Acadêmico Romano Fundação, Alejandro Cantero, assinalou que é no terceiro mundo onde há mais vocações. “Não há vocações no primeiro mundo, mas muitas no terceiro mundo e há muitas pessoas generosas que decidem viver para Cristo no sacerdócio”, indicou, ao tempo que remarcou que “necessita-se mais sacerdotes” pois, na sua opinião, seu trabalho evangelizador tem “um efeito multiplicador”.
Por sua parte, o Bispo Auxiliar de Caracas (Venezuela), Dom Fernando José Castro, reconheceu a contribuição dos peritos ao especial da revista Palavra e se centrou nos “desafios” que enfrenta a Igreja na atualidade. Assim, assinalou que, em um mundo “indiferente, ateu, egoísta e materializado, no qual os filhos passam horas em Internet e em chats”, o anúncio da Igreja deve dar-se na família, o colégio, a paróquia e as comunidades religiosas.
Em todo caso, Dom Castro sublinhou que o trabalho que resulta “imprescindível” é o do sacerdote. “Resulta insubstituível o sacerdote, uma paróquia sem ele é uma verdadeira tragédia, prescindir de seu trabalho iria contra a missão da Igreja”, acrescentou.
Ter família numerosa é “mais cristão”
Nesta linha, o diretor da revista Palavra remarcou outro obstáculo no caminho evangelizador: as seitas que, conforme explicou, são perigosas sobre tudo para aqueles que foram batizados mas “não suficientemente evangelizados”, com uma conseguinte “fácil, confusa e vacilante” fé.
Igualmente, Dom Castro recordou que a Igreja deve também confrontar as desigualdades existentes no mundo onde 958 milhões de pessoas passam fome, conforme indicou citando dados da FAO. “É clamorosa a brecha entre países e entre continentes”, lamentou, ao mesmo tempo em que insistiu a fazer um uso “racional e conveniente” dos bens assim como a ter uma família numerosa em vez de ter uma vida melhor em qualidade material, pois é isto é “mais cristão”.
Por último, todos os assistentes ao ato coincidiram em que “o bem que faz a revista Palavra nas dioceses da América”. Assim, o diácono de Huancavelica destacou que ali, às vezes, é “o único meio” que têm os sacerdotes para informar-se da situação da Igreja. “Palavra é um meio útil para conhecer a Deus tanto para os sacerdotes como para todo mundo”, concluíram.
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