terça-feira, 30 de março de 2010

DIOCESE DISCUTE VIOLÊNCIA NO 1º FÓRUM DE SEGURANÇA PÚBLICA



A onda de violência em Volta Redonda ganha proporções assustadoras. Em apenas dois meses foram mortas 23 pessoas. Os dados foram divulgados no 1º Fórum de Segurança Pública da diocese, com a participação de mais de 200 pessoas, promovido pelo Movimento Resgate da Paz de Volta Redonda, no auditório da Cúria Diocesana, reunindo responsáveis da OAB, PM, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal, Guarda Municipal, Defensoria Pública, Delegacia da Mulher e Prefeitura e Câmara Municipal.

O fórum contou com a presença do bispo diocesano Dom João Maria Messi (OSM) que abriu o encontro citando o Papa João XXIII. “A paz deve ser construído para o desenvolvimento da sociedade. A violência só destrói, acumula ódios e ruínas”, disse o bispo referindo-se a postura que todo cidadão/a deve fazer para colaborar na promoção humana. “Precisamos restaurar o ser humano corrompido pelo poder, pela ganância e sentimentos de vingança. A solidariedade deve ser nossa bandeira”, destacou Dom João.
O coordenador do Movimento Resgate da Paz, Padre Juarez Sampaio convocou os participantes do encontro a tornarem-se responsáveis pela harmonia em todos os segmentos sociais. “Deus nos deu a oportunidade de viver e aproveitar dos recursos da natureza. Por gratidão a Ele devemos cuidar da vida como bem preciso e não exterminá-la simplesmente por desavenças familiares e competição”, frisou padre Juarez.

A representante do governo municipal, Glória Amorim comentou que o problema da violência não dever ser encarado como uma situação a ser enfrentada com exclusividade da polícia, mas encarado por todas as organizações sociais no aspecto preventivo. “Nossos jovens estão morrendo cedo por causa do tráfico de drogas. O que estamos fazendo para prevenir que às drogas entre em nossas casas. Lançamos o Projeto Mais Educação que procura ocupar o tempo dos estudantes integralmente nas escolas, com atividades voltadas para a inclusão social. A experiência vem funcionando em 11 escolas”, argumentou Glória Amorim.
A delegada Isabel Cristina também concorda que a prevenção é melhor atitude porque vai evitar que mais tarde tenhamos que gastar mais tempo recuperando a pessoa. “A polícia atua depois que aconteceu a infração e nesse sentido fica difícil garantir que não teremos mais problemas. As famílias precisam refletir sobre a educação de seus filhos e colaborar com inteligência na promoção dos futuros cidadãos”, destacou Isabel.

O deputado estadual, Nelson Gonçalves divulgou o Pro Jovem Urbano que vai começar este mês e pode ser uma maneira de prevenção à violência, porque ocupa a mente dos jovens com aulas de cidadania e responsabilidade social. “Nosso desafio é fazer com que as Leis deste país sejam realmente respeitadas e aplicadas”, opinou Nelson.
O inspetor da Casa de Custódia de Volta Redonda, Dr João Carlos Olímpio ressaltou o processo de exclusão que o preso vem passando na cidade. Segundo ele o grande mal é pensar que o preso acautelado se recupere apenas por estar encarcerado. “O quadro da realidade dos custodiados é humilhante, porque a maioria deles são pobres e analfabetos. São considerados o lixo da sociedade e ninguém vai dar uma segunda chance a uma pessoa que não tem profissão. Certamente eles voltarão a sociedade e continuarão a praticar o mal”, disse João Carlos, elogiando o prefeito de Volta Redonda, como um dos únicos, que de acordo com ele houve interesse em ressocializar os presos com cursos de informática na Casa de Custódia.

A irmã Elisabete Alves, da Casa da Criança de Volta Redonda fez uma intervenção destacando que o UNICEF confirmou que o que mais mata no mundo é a violência doméstica com as crianças, indivíduo indefeso da sociedade. “Temos que agradecer nossas mães por não terem nos abortado, porque o aborto é o crime que mata neste país. Faltam políticas públicas para as mulheres e que atendam principalmente as mulheres negras. Começamos um projeto chamado “A Paz começa em Casa”, iniciado pela Dra Zilda Arns. É uma iniciativa que reintegra e cria a harmonia na família, porque nossas crianças querem amor. Vamos intensificar e pressionar nossos governantes para a aplicação da Lei: ´Quero Colo`. Na Casa da Criança atendíamos em média 50 pessoas, hoje são mais de 300. Salvamos crianças para morrerem em sua juventude”, ressaltou irmã Elisabete Alves.
O fórum encerrou com a necessidade da promoção de novos encontros e o compromisso de todas as forças sociais prevenirem a violência estabelecendo a cultura da paz.

Fonte: www.diocesevr.com.br

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