terça-feira, 25 de maio de 2010

‘Células sintéticas’: O que é cientificamente possível também é justo sob o ponto de vista da ética?



O jornal vaticano L’Osservatore Romano publicou um artigo no qual explica que com as chamadas “células sintéticas” que foram criadas em um laboratório dos Estados Unidos não se gerou vida. Diante destas investigações, o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, o Pe. Federico Lombardi, afirmou que é preciso atuar com cautela e “esperar a ter maior informação”.

No artigo titulado “um motor ótimo mas não é vida”, o médico italiano Carlo Bellieni assinala que o trabalho de Craig Venter que gerou um genoma “sintético” é “um trabalho de engenharia genética de alto nível, um passo à substituição de parte do DNA. Mas em realidade não se criou vida, mas suplantaram um de seus motores”.

O médico cita logo o geneticista David Baltimore do Califórnia Institute of Technology quem escreve no New York Times: “eles não criaram vida, apenas a copiaram” e acrescenta logo o bio-engenheiro Jim Collins: “isto não representa a criação da vida de zero”.

Seguidamente assinala que esta descoberta é algo que deve ser considerada por suas possíveis aplicações, mas adverte que é necessário “unir à coragem a cautela: as ações sobre o genoma podem –se espera– curar, mas vão tocar um terreno fragilíssimo no qual o ambiente e a manipulação têm um papel que não deve ser menosprezado”.

“O DNA –explicou Bellieni– não é o motor do qual se substitui o pistão, e sim uma parte de um ser vivente sobre o qual estímulos inoportunos, inclusive feitos com boa intenção, podem ‘apagar’ os genes de maneira inesperada, segundo as regras da epigenética (estudo das interações entre genes e ambiente que se produzem nos organismos). Muitos estão de fato preocupados com os possíveis desenvolvimentos futuros de organismos geneticamente modificados”.

Depois de recordar que “é possível reconstruir o DNA e isso não assombra, é necessário recordar que este não é mais que um dos ‘motores’ da vida”, o Dr. Bellieni conclui precisando que o peso do DNA”é grande e grandes são as expectativas da ciência genética. Entretanto, o DNA sendo um ‘ótimo motor’, não é a vida”.

Cautela

Por outro lado, diversas vozes se levantaram para expressar a necessidade de cautela diante destas investigações. Em declarações ao jornal La Stampa, o Presidente da Comissão para os Assuntos Jurídicos da Conferência Episcopal Italiana, Dom Domenico Mogavero assinalou que “em mãos equivocadas, a novidade de hoje pode supor amanhã um devastador salto ao desconhecido”. “O homem vem de Deus mas não é Deus: é humano e tem a possibilidade de dar a vida procriando e não construindo-a artificialmente”,acrescentou.

“É a natureza humana que dá sua dignidade ao genoma humano, não o contrário. O pesadelo contra o qual deverá lutar-se é a manipulação da vida, a eugenia”, advertiu Dom Mogavero.

Por sua parte, o Arcebispo de Chieti-Vasto, Dom Bruno Forte, comentou que “a preocupação pode ser resumida em uma pergunta: o que é cientificamente possível também é justo desde um ponto de vista ético?“. A resposta, disse, está “em um parâmetro que une a todos, não só os cristãos: a dignidade da pessoa humana”, em declarações ao jornal Corriere della Sera.

Por sua aprte, o Pe. Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé chamou à cautela e afirmou que é necessário “esperar a ter mais informação” sobre o descobrimento.

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