domingo, 29 de agosto de 2010

Igreja não tem preferências politicas, afirma secretário pontificio

O secretário do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, Arcebispo Agostino Marchetto, comentou a posição dos católicos no que se refere à expulsão dos ciganos da França, argumentando que a Igreja não tem orientação política.



“A Igreja é a Igreja; ela não está à direita, à esquerda ou no centro. Ela apresenta, respeitosamente, seu ponto de vista sobre tudo aquilo que concerne às leis morais e sua doutrina social” – sublinhou o prelado. Dom Marchetto comentou a polêmica gerada com a França, depois que Bento XVI fez – em sua alocução na oração mariana do Angelus, no último domingo – um apelo à França, para que revisse sua política de repatriação de imigrantes clandestinos, o que despertou reações em Paris. “Quando se defendem os direitos humanos, quando se fala sobre a dignidade das pessoas, em particular de mulheres e crianças, não se faz de forma política, mas de forma pastoral” – ressaltou o arcebispo. Dom Marchetto disse acreditar que as expulsões não podem ser “coletivas”. “É preciso estar atento às diferentes situações e não se pode culpar toda uma população por episódios de violação das leis cometidas por alguns” – explicou. Em entrevista à agência francesa de notícias I.Media, o arcebispo assinalou que “a moral não interessa apenas às questões de sexualidade, aborto ou matrimônio entre pessoas do mesmo sexo, mas também ao homem na sua complexidade”. “Não queremos entrar em discussões políticas, mas apoiamos a causa do homem, e, em particular, daqueles que, em dado momento, sofrem demais e devem ser ajudados a superar suas dificuldades” – apontou. Para o arcebispo, “quando há expulsões, há sofrimento, e eu não posso me alegrar com o sofrimento dessas pessoas, em particular, quando se trata de fracos e pobres perseguidos, que foram vítimas de um holocausto e que vivem sempre fugindo de quem os caça” – acrescentou o prelado. Este mês, mais de 200 ciganos deixaram a França com destino a seus respectivos países de origem – Romênia e Bulgária – no âmbito do programa de “repatriação voluntária”, que dá aos que se oferecem para deixar a nação, passagens aéreas e um subsídio de 300 euros (para adultos) ou 100 euros (para menores de idade). A imprensa romena chegou a rotular de “hipócritas” as expulsões, que seriam destinadas a fazer o presidente Nicolas Sarkozy “reconquistar o eleitorado perdido”.

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